015. Tratamento de Mulheres
🔖 Notas_de_estudo, Apologética_e_história, Objeções_ao_Cristianismo1. Igualdade ontológica total entre homens e mulheres
Complementaristas afirmam que a base bíblica é:
- Ambos foram criados à imagem de Deus (Gn 1:27).
- Ambos foram redimidos em Cristo de forma igual (Gálatas 3:28).
- Ambos recebem dons espirituais (1Co 12).
- Ambos têm igual valor, dignidade e responsabilidade moral.
Ou seja: a diferença de papéis não implica diferença de valor.
Eles dizem que a crítica moderna muitas vezes confunde:
“Papéis diferentes” com “valor menor”.
2. O comportamento de Jesus como evidência central
Complementaristas frequentemente mostram que Jesus foi radicalmente contracultural no trato com mulheres:
- Conversou com mulheres em público (Jo 4), o que não era socialmente aceito.
- Usou mulheres como testemunhas-chave (por exemplo, na ressurreição), quando sua sociedade não aceitava testemunho feminino em tribunais.
- Tinha discípulas que o sustentavam financeiramente (Lc 8:1–3).
- Defendeu mulheres marginalizadas (Jo 8, Lc 7:36–50).
A interpretação complementarista é:
“Jesus elevou as mulheres muito acima do padrão cultural da época.”
“Qualquer acusação de misoginia ignora o contexto histórico.”
3. Sobre textos polêmicos (1Tm 2, 1Co 11, Ef 5, 1Pe 3)
Complementaristas costumam responder assim:
(a) Os textos não são mecanismos de opressão, mas de ordem, função e simbolismo teológico
(b) Esses textos enfatizam responsabilidades sacrificiais dos homens:
Em Efésios 5:
- Mulheres são chamadas a “se submeter” → mas
- Homens são chamados a “amar como Cristo amou e se entregou” → ou seja, amor sacrificial.
Complementaristas dizem que:
“A liderança masculina bíblica não é dominação, mas serviço sacrificial orientado ao bem-estar da mulher.”
Eles costumam distinguir:
- Submissão ≠ inferioridade
- Liderança ≠ autoritarismo
- Função ≠ valor
4) As críticas vêm muito da leitura moderna, não da bíblica
Complementaristas alegam que as acusações geralmente assumem pressupostos modernos:
- Igualdade = identidade total de papéis
- Hierarquia = opressão
- Diferença = injustiça
Do ponto de vista deles:
“A cultura moderna vê qualquer distinção de papéis como injustiça.
A Bíblia vê distinção sem inferiorização.”
🟦 Contra-acusações típicas que complementaristas fazem
Eles costumam dizer que:
📌 1) O complementarismo não é o problema — o patriarcado pecaminoso é.
Sempre que há abuso, opressão ou silenciamento de mulheres:
- Isso não é “complementarismo bíblico”,
- Mas distorção, pecado, uso indevido de autoridade.
📌 2) Igualitarismo moderno também tem problemas
Alguns complementaristas argumentam que o igualitarismo:
- Minimiza diferenças biológicas reais
- Enfraquece estruturas de família
- Lê o texto bíblico através de lentes culturais atuais
🟧 Complementaristas admitem falhas históricas do cristianismo?
A maioria admite que:
- igrejas cristãs já trataram mulheres injustamente,
- líderes já abusaram de autoridade,
- interpretações distorcidas já foram usadas para justificar machismo.
Mas eles respondem:
“Isso não é culpa da Bíblia, e sim dos seres humanos pecadores.”
“Onde o cristianismo é praticado conforme Cristo, mulheres são valorizadas, honradas e protegidas.”
🟩
Enfoque apologético típico (especialmente usado por Gavin Ortlund, Scrivener, Winger)
Complementaristas apologéticos costumam seguir este raciocínio:
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Jesus dignifica as mulheres muito mais do que qualquer figura religiosa da época.
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O cristianismo histórico elevou o status das mulheres (fim do infanticídio feminino, viuvez forçada, prostituição cultual etc.).
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A crítica moderna é anacrônica (julga o passado com valores do séc. XXI).
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A Bíblia não dá autoridade ilimitada aos homens, mas exige responsabilidade e sacrifício.
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Nada no NT diminui inteligência, espiritualidade ou liderança feminina, apenas delimita funções em igreja e família.
1) Gavin Ortlund — postura e recursos
Resumo da posição: Ortlund é um teólogo/apologista que tende a adotar uma postura complementarista moderada; ele enfatiza igualdade ontológica entre homens e mulheres, reconhece distinções funcionais dadas por textos como Efésios 5 e 1 Timóteo 2, e costuma pedir humildade hermenêutica e “triagem teológica” (distinguir questões essenciais das não-essenciais). Ele também destaca como Jesus elevou mulheres no seu contexto cultural.
Recursos-chave:
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Série / vídeos sobre Women in Ministry / 1 Timóteo (playlist / palestras no canal Truth Unites / YouTube).
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Episódios e entrevistas onde ele faz “triagem teológica” e aborda complementarismo vs igualitarismo.
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Artigos e posts no site TruthUnites / The Gospel Coalition onde discute perigos e limites do complementarismo aplicado.
2) Mike Winger — postura e recursos
Resumo da posição: Mike Winger é conhecido por uma série longa e detalhada sobre Women in Ministry na qual defende uma leitura complementarianista tradicional em vários textos difíceis (1 Timóteo 2, 1 Coríntios 14, etc.). Seu estilo é exegético e didático, e gerou respostas e críticas extensas de egalitarians e de críticos de sua interpretação.
Recursos-chave:
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Playlist “Women In Ministry” (série extensa em vídeo/podcast — partes detalhadas sobre cada passagem).
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Respostas e críticas públicas (vários artigos e vídeos reagindo à sua série). Ex.: críticas e respostas longas que analisam pontos exegéticos de Winger.
3) Glen (Glenn) Scrivener — postura e recursos
Resumo da posição: Glen Scrivener é mais conhecido por trabalhos evangelísticos e por livros que defendem que valores como igualdade e compaixão têm raízes cristãs; não é um técnico exegético sobre papéis de gênero, mas costuma argumentar que o cristianismo foi transformador para o estatuto das mulheres historicamente. Em debates públicos ele defende que o ensino cristão elevou a dignidade feminina em muitos contextos.
Recursos-chave:
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Livro The Air We Breathe (discute as raízes cristãs de valores como igualdade e compaixão — útil para ver o argumento histórico/apologético de Scrivener).
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Entrevistas/palestras (podcasts e programas onde trata de igualdade, compaixão e herança cristã).
4) Wes (Wesley) Huff — postura e recursos
Resumo da posição: Wes Huff aparece principalmente como apologeta público (apologética aplicada) e não tanto como autor técnico sobre papéis de gênero. Ele tem participação em canais e entrevistas onde trata de apologética e às vezes de cultura e gênero, mas não é o principal autor de referência quando o assunto é exegese de 1 Timóteo/Efésios. Ainda assim, quando perguntado, tende a alinhar-se com uma defesa tradicional/conservadora da ordem bíblica, enfatizando competências apologéticas.
Recursos-chave:
- Vídeos e Q&A (ex.: Rapid Fire Apologetics e aparições em podcasts como Everyday Pastor).
5) Yago Martins — postura e recursos (autor brasileiro)
Resumo da posição: Yago Martins é autor brasileiro que tratou diretamente de mulheres e igreja em um livro recente. Diferentemente dos autores anglófonos citados, Martins tem escritos voltados para o contexto brasileiro/latino — e o título indica uma crítica/descrição prática de como igrejas silenciam mulheres. A perspectiva dele (pelo título) é de denúncia/avaliação crítica das práticas eclesiásticas; portanto, seu trabalho é especialmente útil para ver críticas internas e consequências pastorais do complementarismo aplicado.
Recursos-chave:
- Livro Igrejas que calam mulheres (Mundo Cristão, 2024) — análise prática sobre como as igrejas tratam (ou silencia) mulheres.
6) Panorama teológico geral (contextualizando as respostas complementarianas)
Para que você veja o “mapa” do argumento complementarista (ou como apologetas respondem às acusações de misoginia):
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Posição teológica base: Igualdade ontológica (imagem de Deus + redenção em Cristo) + distinção funcional (papéis diferenciados em família/igreja). Recursos introdutórios que explicam essa posição: Crossway (5 Myths about Complementarianism) e artigos da The Gospel Coalition explicando complementarismo vs igualitarismo.
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Argumentos apologéticos típicos usados para responder às acusações:
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Jesus elevou mulheres no seu contexto (João 4; testemunhas da ressurreição).
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Diferença de papéis não é desigualdade ontológica.
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Abusos e patriarcado são distorções humanas, não o ideal bíblico.
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Interpretar textos difíceis exige leitura do contexto histórico/gramatical e triagem teológica — distinguir o que é central e o que é adiável. (Veja Ortlund e TGC).
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Leituras / vídeos prioritários que eu recomendo ver primeiro
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Gavin Ortlund – Women in Ministry / Pastoral Letters (vídeo/série curta) — bom ponto de partida para a leitura cautelosa e a noção de triagem teológica.
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Mike Winger – Playlist “Women In Ministry” — se quiser a defesa detalhada passo-a-passo (exegese). Prepare-se: é extensa e gera bastante resposta crítica.
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Glen Scrivener – The Air We Breathe — leitura apologética histórica que esclarece o argumento de que o cristianismo elevou (em vários sentidos) o status das mulheres ao longo do tempo.
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Yago Martins – Igrejas que calam mulheres — leitura em português, útil para entender críticas e consequências práticas do silêncio/limitação das mulheres em igrejas brasileiras.
Material crítico / perspectivas opostas (úteis para equilibrar)
- Artigos e organizações que criticam as aplicações do complementarismo e mostram como, em prática, certas interpretações podem levar a silenciamento e até abuso (por exemplo, CBE International, artigos críticos e respostas públicas à série de Mike Winger). Consultar também respostas públicas e coleções de críticas à série Women in Ministry de Winger.